Cirurgia metabólica:

as diferentes técnicas da cirurgia da obesidade e diabetes
Doenças crónicas
Prevenção e bem-estar
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O tratamento cirúrgico da obesidade e diabetes pode ser realizado através de diferentes técnicas, de acordo com o objetivo e as características de cada pessoa.

No tratamento da obesidade e diabetes, é essencial a eliminação do excesso de peso e o controlo de doenças associadas, como a pressão alta, apneia do sono e artroses. A perda de peso deve ser duradoura e eficaz e o tipo de tratamento deve ser adequado a cada doente. Assim, a cirurgia metabólica para diabetes é diferente dos procedimentos realizados para o doente que requer apenas tratar o excesso de peso.   Impacto da cirurgia metabólica na diabetes O efeito da cirurgia metabólica sobre a diabetes decorre pela restrição do estômago, mas principalmente pelas alterações hormonais. O desvio do intestino pela cirurgia altera as hormonas gastrointestinais, fazendo com que o doente produza a sua própria insulina de forma eficaz, reduzindo ou eliminando a necessidade de medicação ou insulina externa. Tais efeitos podem ser notados logo na primeira semana após a cirurgia.   A cirurgia metabólica tem como objetivo atingir um equilíbrio energético. Isto pode ser conseguido através das seguintes medidas: Redução (ou restrição) do tamanho do estômago - que leva a uma redução na ingestão de alimentos. Hipo-absorção - é o nome dado à reduzida absorção de calorias e gorduras ao contornar parte do intestino delgado. Alteração cirúrgica do trato digestivo - leva a uma alteração do mecanismo hormonal da digestão e da saciedade.   Tipos de cirurgia metabólica As principais possibilidades, dependendo do perfil do doente, são:   Bypass Gástrico Nesta técnica é feito um grampeamento da parte superior do estômago, produzindo um novo estômago menor (pouch) e um desvio do intestino em forma de um Y. Este procedimento visa a redução do volume do estômago, diminui a absorção de calorias e promove o aumento de hormonas que dão saciedade, diminuindo assim a sensação de fome.   Sleeve Gástrico (Gastrectomia vertical) Neste procedimento, uma grande parte do estômago é removida. Apenas um tubo ao longo da pequena curva do estômago permanece como uma ligação entre o esófago e o intestino, com as dimensões de uma banana. A ingestão de calorias é reduzida e a sensação de saciedade é mais rápida, tanto pela redução da capacidade do estômago, como pelo facto de se reduzir a produção de hormonas como a grelina.   Mini-Bypass Gástrico (MGB, OAGB) Nesta técnica, semelhante ao Bypass Gástrico, é feito um grampeamento da parte superior do estômago, produzindo um novo estômago menor (pouch) e um desvio do intestino diretamente, sem formar um Y.   SADI-S Neste procedimento, uma grande parte do estômago é removida com a realização de um Sleeve Gástrico, combinado com uma ligação com o intestino mais distal, com secção, somente, do duodeno. A restrição é associada a uma potente hipo-absorção, sendo esta a opção mais efetiva para a superobesidade ou diabetes grave.   SASI Bypass, Transit Bipartition (cirurgia de Santoro) Também neste procedimento, uma grande parte do estômago é removida com a realização de um Sleeve Gástrico, combinado com uma única ligação ao intestino distal, mas sem ocorrer secção do estômago. O alimento é desviado para a via normal ou para o intestino, sem haver má-absorção. Neste caso, é possível aceder ao estômago e vias biliares por endoscopia após a cirurgia.   Endosleeve Apollo (Gastroplastia Endoscópica) A Gastroplastia Endoscópica não é uma cirurgia, mas um procedimento endoscópico: as suturas na cavidade interna do estômago são realizadas através de um endoscópio, inserido através da boca do paciente. O procedimento é realizado sob anestesia geral, com tempo de internamento menor do que nas cirurgias bariátricas (cirurgias que tratam apenas a obesidade).   Sabia que... Os doentes de alto risco (idosos, cardiopatias, anticoagulação, candidatos a transplante) podem beneficiar de terapias reversíveis ou endoscópicas, como a Gastroplastia Endoscópica (Endosleeve Apollo).   Remoção de Banda Gástrica e Cirurgia de Revisão A banda gástrica é um corpo estranho que, em geral, tem boa tolerância pelo doente. No entanto, em muitos casos, com o passar dos anos, a banda gástrica instalada perde a função ou causa complicações como a migração (a banda sai do sítio), a erosão e o refluxo. Nestes casos, e também quando há novamente aumento do peso, a banda gástrica pode ser retirada e substituída por um método mais eficiente.     Todos estes procedimentos são sempre realizados por via minimamente invasiva, por vezes sem cortes visíveis, podendo também ser realizados através de cirurgia robótica. Aconselhe-se com o seu médico assistente ou cirurgião sobre qual o procedimento cirúrgico que melhor se adequa ao seu caso.
Publicado a 01/02/2023